quarta-feira, 12 de agosto de 2009

movimentos.

pensamento nº 1:
meu deus, o medo cresce dentro de mim como um demônio, como se, de alguma forma, eu pudesse ser possuída inteiramente por ele, pela sua dosagem de bebida alcoólica, pelos seus grandes olhos azuis e ondulantes.
o medo me lembra o mar. porque o mar também nos suga. e o mar é gigantesco, quase infinito. quando você olha para ele, não há mais nada para se sentir, senão o cheiro de sal e água delirantemente impregnadores de consciências.

pensamento n° 2:
ninguém disse que seria fácil. ninguém pegou na minha mão, apertou-a forte e sussurou nos meus ouvidos carinhosamente: vai dar tudo certo, as coisas vão melhorar, você vai conseguir. mas algo dentro de mim nutria a impressão de que o sonho se faz por si só. de que, ao sonhar, temos asas e podemos rumar à plenitude.
é tudo mentira. o sonho não passa de ideário. preciso torná-lo realidade, por mais que, às vezes, eu odeie transformar-me nas coisas, ser folha, casa, olhos, céu, chão. ser mundo. mas é preciso.
caso contrário, tudo pegará fogo.

pensamento n°3:
e daí? tenho medo. é difícil.
tudo se comprova à minha frente. para onde voltar-me quando tudo começar a ser nada, aos pouquinhos? eu não sei.
sei que me exijo. não vou deixar que me cortem os cabelos. podem pintá-lo de branco, sujá-lo. mas não irão arrancá-los de mim.

pensamentos: não importa quem ou o que me aconteça.
se tentarem apagar minha trilha de giz, marco-a com sangue,
se tentarem arrancar meu coração, palpitarei sem ele,
se tentarem empurrar-me ao abismo, voltarei voando.
o mundo gira em uma direção. eu giro ao avesso.

pripri

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