segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Gabriel

silencia
entre o grito e o barulho
escuro!
e acende o fósforo quebrando a lei.

pripri.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

metaestrada poética.

gosto de ler poesia com você,
no banco da estrada sem fim.
o barulho é ritmo,
as pessoas, personagens.

cada curva uma página virada,
frases embaralhadas em outdoors,
formigas brilhantes nos morros.

pés de cansaço e vida
atravessam o poema
para a duzera do caminho.

o meu sonho continua a girar,
e as coisas riem para mim,
como quem sugere:
transborda, menina,
transborda o grafite
à_mar o mundo.

pripri.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

to be or not to be must be what is supposed to be.

tenho poucos segundos e muitas palavras para se estapearem. elas precisam rugir de dentro de mim. são minhas, mas me cansam até a rouquidão.
hoje as coisas se mostraram independentes. as coisas do mundo, às árvores e as formigas (tão pequenas), todas serenas, sadias, correndo corrrrrrrrrrrendo pelo chão, pelo céu, ultrapassando meu corpo parado. a única coisa que eu consegui fazer foi produzir uma piscadela. blink-blink. depois mais nada.
a moça de sapato alto, meias negras e vestido furtacor esbarrou em mim (tão coitadinha, sentada na escada). todo o café do seu mísero copinho caiu pelo meu corpo. gostei de sentir a pele queimar. desculpa querida não vi você. tudo bem, nunca [...] ela continuou a andar, aqueles cabelos crespos, as mãos enferrujadas.
fiquei só, com o sol acenando para mim, dando-me adeus ou good-bye. a lua não apareceu. algumas estrelas me silenciaram mais ainda.
os carros carreando a estrada, as buzinas buzinando o vento. eu sendo alguma coisa além-olhos. deixei aquele mundo tão grande, tão maratonista, tão mundano, me adentrar. deixei que roubasse meus pensamentos. a verdade: deixei que o mundo me apontasse uma arma no peito e outra na cabeça e...: o coração... ou a razão? escolhe agora.
intimação.
fechei os olhos e rezei. não por favor não! não quero morrer não, não quero morrer e ter ainda a percepção secundícia do sangue escorrendo do meu peito e das lágrimas azuis totais caindo como chuva em cima de mim.

a escolha foi feita.
os fios de controle-marionete foram cortados.
respirei ar puro.

(pripri)

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

a minha revolução.

É preciso ser forte e lutar. Não esquecer, ao chegar em casa, tirar os sapatos, largar a bolsa no sofá e correr para as atividades cotidianas, que há pessoas morrendo de frio(sobre a noite tão linda e estrelada), que há violência perto de nós, talvez na rua de trás (e só o ar traz a lembrança fugaz de vida correndo aos estalos para nossos ouvidos), que há um mundo inteiro gritando, meu deus, gritando de dor e de desespero e de lágrimas.
O que fazer o que fazer o que fazer? Às vezes sinto a vontade de arrancar todos os fios de cabelo e sangrar como as pessoas sangram... e tudo entra de dentro para fora de mim e sacode todos os eus-frente que às vezes teimam em querer ficar. Mas não ficam. Eu não deixo. Eu os cuspo no chão e piso em cima.
Ah, pois é preciso ser forte e lutar. E seguir em frente. Não permitir que me impeçam de carregar os ideais de transformação, a força que move move move e dói. Porque o mundo me chama. O mundo chama a todos nós. Mas às vezes ficamos, calamos, deixamos.
A omissão é a pior das indiferenças. É difícil abrir os olhos e sacrificar os sonheus. É mais difícil ainda quando nos enganamos e dizemos que não, não é culpa nossa, é de... é de alguém, é das coisas, é do homem, mas não não não, não pode ser minha, tenho tantas coisas, e o que fazer?

Meu bem, tenho hora no dentista. Você está cega, alienada, vá viver sua vida, nada vai mudar. Utopia. Você não pode mudar o mundo, ouviu? Não pode. Não, eu não vou, eu vou ao dentista e você vai ficar e vai deixar vai deixar vai se deixar de lado, é isso?
Você não tem tempo para a família, não tem tempo para os amigos, não tem tempo para você, onde para onde para que girar?

Eu acredito. E não importa o que me falam, não importa o quanto eu dê tudo de mim.
É preciso ser forte e lutar.

pripri.

domingo, 23 de agosto de 2009

Maré baixa.

Nas águas calmas desse lugar,
sinto-me naufragar,
não para baixo ou qualquer
[outro canto.
sinto-me entranhada nas águas,
no espelho Sol,
no balanço dos barcos.

Nas areias desse lugar,
finco-me como raiz,
colhendo, absorvendo,
produzindo.
As raízes dentro de forma
[acolhedora
Sou morta e vida


Renasço em cada amanhecer,
sou a areia escorrendo...
de tua mão

Na areia e Mar dessa praia,
sou apenas transcedente de
qualquer um que já se
afogou.

(ly)

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

movimentos.

pensamento nº 1:
meu deus, o medo cresce dentro de mim como um demônio, como se, de alguma forma, eu pudesse ser possuída inteiramente por ele, pela sua dosagem de bebida alcoólica, pelos seus grandes olhos azuis e ondulantes.
o medo me lembra o mar. porque o mar também nos suga. e o mar é gigantesco, quase infinito. quando você olha para ele, não há mais nada para se sentir, senão o cheiro de sal e água delirantemente impregnadores de consciências.

pensamento n° 2:
ninguém disse que seria fácil. ninguém pegou na minha mão, apertou-a forte e sussurou nos meus ouvidos carinhosamente: vai dar tudo certo, as coisas vão melhorar, você vai conseguir. mas algo dentro de mim nutria a impressão de que o sonho se faz por si só. de que, ao sonhar, temos asas e podemos rumar à plenitude.
é tudo mentira. o sonho não passa de ideário. preciso torná-lo realidade, por mais que, às vezes, eu odeie transformar-me nas coisas, ser folha, casa, olhos, céu, chão. ser mundo. mas é preciso.
caso contrário, tudo pegará fogo.

pensamento n°3:
e daí? tenho medo. é difícil.
tudo se comprova à minha frente. para onde voltar-me quando tudo começar a ser nada, aos pouquinhos? eu não sei.
sei que me exijo. não vou deixar que me cortem os cabelos. podem pintá-lo de branco, sujá-lo. mas não irão arrancá-los de mim.

pensamentos: não importa quem ou o que me aconteça.
se tentarem apagar minha trilha de giz, marco-a com sangue,
se tentarem arrancar meu coração, palpitarei sem ele,
se tentarem empurrar-me ao abismo, voltarei voando.
o mundo gira em uma direção. eu giro ao avesso.

pripri

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

contaminação.

Dizem muitas coisas a mim,
coisas que entram e fundem-se,
coisas que saem sem vestígios,
coisas que contaminam tudo ao redor.
E coisas que levo dentro do bolso,
amassadas, conscientes de sua própria
vida dentro de mim
Espalham-se pelos poros e ácaros,
libertando-se em vida pelas ruas.

(Ly)